Aprenda a fazer uma composteira doméstica
- Jéssica Michalak Besen
- 3 de nov. de 2019
- 4 min de leitura
A cozinha é o local da casa onde mais produzimos lixo. Mais da metade dos resíduos que geramos todos os dias vem de lá. Estima-se que 51% dos resíduos domésticos é composto por material orgânico, na sua maioria alimentar: cascas de frutas e verduras, folhas, talos, sementes e restos de comida.
E quando se fala em restos de comida, somos grandes desperdiçadores. Todos os anos cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos e/ou desperdiçados no mundo, o equivalente a 1/3 de toda a produção. Segundo a FAO, é quantidade suficiente para alimentar 2 bilhões de pessoas.
Esses resíduos são ricos em nutrientes e não precisam ficar apodrecendo junto ao lixo comum, misturados aos resíduos que vão para aterros e lixões. Você pode transformar essas sobras e restos de alimentos em adubo de excelente qualidade, tudo o que você precisa é de uma composteira doméstica.
Um dos sistemas de compostagem doméstica mais utilizados nos dias de hoje é a composteira com minhocas. É compacta, não tem cheiro ruim e a decomposição acontece de forma mais rápida. Como ocupa pouco espaço, pode ser montada dentro de casa ou até mesmo em apartamento.
Como fazer a sua composteira?
Você vai precisar de:
3 baldes ou caixas de plástico que tenham algum encaixe entre si (uma ótima opção são os baldes de margarina descartados nas padarias e supermercados);
Um pouco de terra com minhocas, o suficiente para formar uma camada de 5 cm no fundo do primeiro recipiente;
Serragem ou folhas secas para cobrir os resíduos orgânicos à medida que vão sendo adicionados à composteira;
Furadeira para fazer os furos nos recipientes.
Fure o fundo de dois dos três baldes ou caixas com uma furadeira, com cerca de 0,5 a 1 cm de diâmetro e uma distância de 2 a 3 cm entre eles. Através desses furinhos que o líquido da composteira vai escorrer até o recipiente de base e as minhocas vão se movimentar de um recipiente para outro.
Faça furos também na parte superior da lateral do balde, abaixo do encaixe da tampa, uma fileira com furos de 1 a 1,5 mm, respeitando o espaço de 2 cm entre eles. É importante respeitar essas medidas para que possa ocorrer a saída dos gases e vapores da decomposição, bem como permitir a entrada de ar ao sistema, e para que as minhocas não fujam.
Recorte as tampas dos recipientes 2 e 3 mantendo apenas uma borda suficiente para permitir o encaixe entre eles. O fundo dos recipientes com seus furinhos precisa estar livre para a circulação das minhocas e do chorume.

Disposição dos furos no fundo dos recipientes e recorte da tampa para encaixe
Encaixe os três recipientes conforme o esquema apresentado na figura a seguir.

Fonte: Uma vida sem lixo
Está pronta a sua composteira! Você pode decorá-la como quiser: pintar, encapar com tecido... use a sua criatividade.
Os dois primeiros recipientes receberão os resíduos orgânicos, enquanto o terceiro recipiente, acomodado na base, servirá para acondicionar o chorume formado na decomposição dos resíduos e que será naturalmente drenado das caixas superiores através dos furinhos feitos no fundo de cada uma.
Para iniciar o processo de compostagem, forre o fundo do primeiro balde com terra e minhocas e vá adicionando os resíduos orgânicos aos poucos, cobrindo toda a superfície de resíduos com serragem ou folhas secas.

Composteira pronta para o uso: camada de terra e minhocas, resíduos orgânicos e cobertura de serragem
Siga colocando os resíduos até encher o recipiente. O ideal é que esse processo leve mais ou menos um mês, para dar tempo de virar adubo e substituir o andar debaixo. Quando o recipiente estiver cheio é substituído pelo que está no segundo andar, ficando em repouso até que o novo recipiente fique cheio também. Quando isso acontecer, depois de mais ou menos um mês, o resíduo que estava em repouso virou um super adubo, pronto para ser usado na sua horta ou jardim. Para retirar o adubo abra a tampa do balde e deixe exposto à luz para que as minhocas migrem para o fundo e você possa retirar o composto sem machucá-las, mantendo uma camada de terra e minhocas no fundo para reiniciar o processo.
No recipiente de base, após uns dois ou três meses, começará a aparecer um líquido escuro, sem cheiro. É o chorume proveniente da decomposição dos resíduos e que pode ser utilizado como biofertilizante para as plantas. Mas cuidado! Para usar esse fertilizante super concentrado e rico em nutrientes é necessário diluir em água na proporção de 1/10 (1 parte de composto, 10 partes de água), caso contrário ele pode matar as suas plantinhas.

Biofertilizante no recipiente de base, concentrado e diluído pronto para o uso
O que pode e o que não ser colocado na composteira?
São necessários alguns cuidados com o que você coloca na composteira. Alguns resíduos comprometem o processo de degradação da matéria orgânica e podem prejudicar o desenvolvimento do adubo.
Frutas cítricas, flores e ervas medicinais e aromáticas, alimentos cozidos, laticínios, guardanapos e papel toalha devem ser colocados com moderação.
Carnes, temperos (incluindo cascas e restos de cebola, alho e pimenta), líquidos (iogurte, leite, sopas e caldos), óleos, gorduras, papel higiênico e fezes de animais não podem ser destinados na composteira.

Fonte: Morada da Florestal
Por que é importante compostar?
No Brasil menos de 1% dos resíduos gerados vai para a compostagem. Os 99% restantes vão parar em aterros e lixões. Quando os resíduos vão parar no aterro, sem qualquer tipo de tratamento, a decomposição desse material acaba gerando gás metano CH4, que é 25 vezes mais nocivo ao efeito estufa que o gás carbônico CO2, além de gerar um chorume tóxico capaz de contaminar o solo, as águas e tudo que tiver ao seu redor.
Portanto, a compostagem reduz a quantidade de resíduos que vai para o aterro e ainda reduz a emissão de gases de efeito estufa. De quebra o processo fornece adubo e fertilizante de qualidade para nutrir as plantas da horta ou jardim, aproveitando-se do processo natural de ciclagem dos nutrientes.
Vamos compostar?
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