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O artesanal e o meio ambiente

Desde pequena, duas coisas sempre me chamaram muito a atenção: o artesanato e o meio ambiente. Ainda criança aprendi a fazer crochê e adorava me aventurar em tudo que é tipo de artesanato, ao mesmo tempo, vivendo no interior, tudo que era vivo ou verde me atraía.


O que eu nunca tinha parado para pensar é no quanto essas duas coisas são interligadas.


Photo by Rebacca Grant on Unsplash


O artesanal, feito a mão, é um chamado para desacelerar. Cada peça é feita no seu tempo, leva horas para ser confeccionada e é única, especial, desenvolvida sob medida para cada cliente.


Diferente dos brinquedos, roupas e tantos objetos feitos em larga escala por grandes indústrias, que muitas vezes desrespeitam o meio ambiente em prol do lucro, bem como desrespeitam as pessoas ao contratar mão de obra barata e em regime de exploração. Tudo isso para você ficar feliz ao comprar uma blusinha de 10 reais. Essas peças podem até ser mais baratas para o seu bolso agora, mas cobram um preço muito alto de todos nós logo depois...


Vamos falar de durabilidade. Já ouviu falar de obsolescência programada? É o que faz seu celular durar um ano e você ter que trocar por um modelo mais 'moderno’. É também o que faz sua roupa durar duas, três lavagens e você ter que ‘jogar fora’ para comprar outra. Maldito fast fashion. Para onde vai todo esse resíduo? Sem contar com todos os problemas ambientais e sociais causados pelo descarte inadequado de todo esse material inservível por aí, o descarte de cada vez mais resíduos pesa no bolso dos municípios e de nós contribuintes que pagamos uma alta taxa para transportar diariamente todo esse material para longe de nossos olhos (muitas vezes para lixões!).


Peças artesanais são feitas com todo o cuidado para que durem mais. São feitas para durar. Cada detalhe, cada arremate é pensado. A matéria prima é cuidadosamente selecionada. O descartável não combina com o artesanal. Artesanal é slow.


Muitos artesãos utilizam materiais descartados para desenvolver sua arte, ressignificando o que iria para o lixo. No crochê, por exemplo, temos empresas que utilizam resíduos da indústria têxtil para fabricar os fios. É o caso da Euroroma que já apresentamos por aqui,


E que tal falar sobre desenvolvimento local? Nunca se falou tanto em valorizar o pequeno negócio localizado perto das nossas casas quanto nestes atuais tempos de pandemia. O que pode ser mais local do que prestigiar o artesanato da sua cidade? Ao adquirir o produto da sua região são economizadas toneladas de CO2 emitidas no transporte dos produtos, você gera emprego renda para o artesão utilizar no comércio da sua cidade, inclusive para o armarinho de onde ele compra sua matéria-prima. Win-win! Todos saem ganhando.


Sem falar nos benefícios sociais de apoiar o trabalho artesanal. O crochê, o tricô, a pintura, a costura, a culinária vêm salvando o mês de muita gente que perdeu emprego e renda. Principalmente de mulheres que tiveram que largar seus empregos para cuidar dos filhos em casa.


O preço do que é feito a mão não chega perto de todo o valor que ele gera para a sociedade e para o meio em que vivemos. Espero que este texto faça você refletir sobre a grande diferença que existe entre preço e valor. Que permita ver com outros olhos o trabalho artesanal, respeitando e valorizando quem tem a coragem de ir na contramão desse mundo descartável, acelerado e globalizado em que vivemos.


Valorizar o artesanal é também ser sustentável.

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Jéssica Michalak Besen

Engenheira Ambiental e de Segurança do Trabalho

apaixonada por tudo que envolve meio ambiente e sustentabilidade

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