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Quanto vale o seu lixo?

Até o início do século passado, o lixo se resumia a restos de comida, excrementos de animais e outros materiais orgânicos que eram facilmente reintegrados aos ciclos da natureza e serviam de adubo para as plantações. Valia a velha máxima de que na natureza nada se perde, tudo se transforma.


Com o processo de industrialização e a marcha da população em direção às cidades, o lixo foi se tornando um problema. Foram surgindo as embalagens, as sacolas plásticas, os descartáveis, uma infinidade de novos materiais para dar mais conforto e comodidade à população.


Assim surgiu o dilema da destinação dos resíduos, causado pelos novos padrões de consumo inaugurados pela Revolução Industrial, como resultado da equivocada ideologia de que a natureza estaria a serviço do homem e do capitalismo.


A sociedade moderna rompeu com os ciclos da natureza. Por um lado, extraímos cada vez mais matéria prima, por outro, geramos cada vez mais lixo. A geração de resíduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo, oriundo tanto da fabricação do produto quanto do descarte.


Fonte: Acervo Wix

Vivemos uma dicotomia: para sairmos da crise em que nos encontramos, é preciso aquecer a economia, produzir e consumir. A questão é que não importa de que forma isso esteja acontecendo, desde que o PIB reaja e cresça. Em tempos de economia ruim, quem se importa com os resíduos e impactos gerados por essa indústria do consumo?


Enquanto ouvimos falsas notícias de que o Brasil é o país que mais protege o meio ambiente no mundo e que é preciso destruir para construir e crescer, encontramos iniciativas inovadoras de empreendedores que viram no até então problema da geração de resíduos, uma solução sustentável e lucrativa.


Em Blumenau, terra de muitas malharias, os retalhos que sobravam do processo produtivo poderiam ser um problema. Não para a EuroRoma. A empresa, maior produtora de fios ecológicos do país, enxergou nos resíduos do setor de malharia uma solução, a matéria prima ideal para a confecção de seus fios e barbantes. Segundo a empresa, enquanto para muitos o resíduo têxtil significa o fim de um processo, para a EuroRoma é o começo de uma grande transformação, com um processo de produção que valoriza a preservação do meio ambiente do início ao fim, sem abrir mão da qualidade.


A fabricação dos fios ecológicos da EuroRoma inicia-se com a coleta dos retalhos gerados na indústria têxtil, que são cuidadosamente separados por cor e passam por um processo de recuperação das fibras sem utilização de produtos químicos. As cores da maior parte dos produtos são originárias dos próprios retalhos, que são a principal fonte de matéria prima para os produtos têxteis ecológicos produzidos pela empresa. Portanto, para estes produtos não há processo de tingimento, o que reduz ainda mais o seu impacto ambiental



Também de Blumenau vem outro grande exemplo de aproveitamento dos resíduos que normalmente iriam para a incineração ou aterros, tais como restos têxteis, espumas, borrachas e isopor. A Carbo Brasil, empresa de gestão de resíduos, utiliza esse material para a fabricação de produtos acabados ou peças e componentes que venham a ser utilizados pela própria indústria, tais como mesas, banquetas, vasos, placas de decoração, tijolos e pavers.


O resíduo que chega até a empresa (vale copos descartáveis sujos de café, embalagens com restos de alimento e rejeitos que normalmente não são reciclados!) passa por um equipamento que processa esse material formando uma pasta que pode ser modelada conforme o objeto desejado. Com um acabamento semelhante ao cimento, as peças se destacam na decoração. O sonho da Carbo Brasil é processar todo o lixo produzido por uma cidade!



De Joinville vem mais um caso de sucesso. Por muito tempo o EPS, mais conhecido como isopor, foi visto como vilão nos processos de reciclagem. O que muita gente não sabe é que esse material pode ser 100% reciclado inúmeras vezes gastando muito menos energia e recursos hídricos. É o que faz a Recorteps, empresa que atua desde os anos 90 no desenvolvimento e fabricação de embalagens e peças de isopor para proteção de produtos das indústrias da região.


A Recorteps se destaca pelo aspecto técnico de seus produtos e por ser uma das únicas fábricas brasileiras a desenvolver e produzir soluções para proteção de produtos utilizando mais de um material em uma única embalagem, priorizando a utilização de materiais reciclados em suas soluções. A empresa tem ainda um sistema de coleta gratuita do isopor descartado pelos clientes, direcionando-o a centros de reciclagem especializados.


Em Massaranduba temos uma iniciativa semelhante, não como forma direta de ganhar dinheiro, mas de poupar recursos financeiros e naturais. Trata-se da Cooperativa Juriti, que reaproveita a casca do arroz, a qual é transformada em briquetes e queimada para gerar energia térmica necessária ao processo de beneficiamento do arroz. O que antes era um problema e um custo para descarte, utilizado de forma inteligente se transformou em uma economia de recursos.


*Este não é um post patrocinado. O texto reflete a opinião sincera da autora sobre as iniciativas divulgadas.

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Jéssica Michalak Besen

Engenheira Ambiental e de Segurança do Trabalho

apaixonada por tudo que envolve meio ambiente e sustentabilidade

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Massaranduba, SC, Brasil

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