top of page

Com quantas sacolas plásticas se faz uma compra?

Quantos pacotes e sacolas plásticas você usa para carregar suas compras do supermercado?


Há não muito tempo a resposta era nenhuma. As compras feitas nos pequenos comércios que existiam nas cidades eram facilmente transportadas em cestas de vime ou cipó, ou então carregadas em sacos de pano reaproveitados das embalagens de farinha ou sal. As mercadorias eram geralmente embaladas em sacos de tecido, de 10 kg, 25 kg. Quando o pedido era de uma quantidade menor, o produto era fracionado em cartuchos de papel. Apenas a querosene era comercializada em latas de 18 litros.


Parece uma realidade muito distante, mas essas são as memórias da infância e juventude de minha avó, de apenas algumas décadas atrás, onde se vivia perfeitamente sem o conhecimento ou a necessidade de embalagens plásticas.


Hoje, estima-se que usamos mais de 1 trilhão de sacolas plásticas todos os anos. Sem contar as inúmeras embalagens e embalagens das embalagens. É um pacote dentro de outro pacote sem fim.


lixos de sacola

Imagem de Jasmin Sessler por Pixabay


E qual é o problema?


As sacolas plásticas são feitas de polietileno, um tipo de plástico geralmente fabricado a partir do petróleo.


O plástico é um material resistente, feito para durar, não é biodegradável como o papel, por exemplo. Biodegradável é tudo aquilo que se decompõe naturalmente com a ajuda de microrganismos, resultando em água, CO2 e biomassa que retornam ao ciclo da natureza. Não é o caso das embalagens e sacolas plásticas que permanecem praticamente intactas no ambiente por tempo indeterminado.


A fim de solucionar esse problema surgiu uma nova categoria de plásticos chamados oxibiodegradáveis ou oxidegradáveis. Esse tipo de material recebe um aditivo que faz com que o plástico, ao entrar em contato com o ar, comece a se degradar, quebrando-se em partículas cada vez menores. Essas partículas continuam sendo plástico e permanecerão por um longo período no ambiente, contaminando o ar, a água e os animais que acidentalmente se alimentam desse microplástico. O que é vendido como solução é apenas mais um agravante do problema. Primeiro porque os microplásticos, muitas vezes invisíveis aos olhos, são bem mais difíceis de lidar. Segundo, porque esses aditivos inviabilizam a reciclagem. Fique de olho nas sacolas, embalagens e canudos oxidegradáveis, não há nada de ecológico neles, é apenas uma forma de maquiar o problema tornando-o invisível aos nossos olhos.


Sacolas oxi-biodegradáveis, uma forma errônea de se referir aos controversos plásticos oxidegradáveis

Temos também as sacolas feitas do chamado plástico verde. O plástico verde nada mais é que um polímero feito a partir de matéria prima renovável, como cana-de-açúcar, milho e beterraba. A molécula do polietileno é a mesma, venha ela de fonte renovável ou não. Assim, o plástico mesmo sendo "verde", não é biodegradável. O problema do lixo pós-consumo é o mesmo.


Temos ainda os sacos compostáveis, seria esta a solução? O processo de compostagem, assim como o de biodegradação, depende de condições favoráveis para acontecer, como aquelas encontradas em usinas de compostagem. O material biodegradável ou compostável quando descartado incorretamente (em lixões, aterros ou no oceano, por exemplo) poderá exigir um tempo maior para se degradar, ou nunca se degradar, além de emitir uma grande quantidade de gases de efeito estufa. De nada adianta um material ser biodegradável se parar em um lixão, onde nada de fato se degrada.


Você pode argumentar que está tudo certo porque no final das contas as sacolas e embalagens plásticas são recicláveis (desde que não tenham aditivos degradantes em sua composição como as oxidegradáveis!). A verdade é que existe uma grande diferença entre o que é reciclável e o que de fato é reciclado. O sucesso na reciclagem de um determinado material depende, entre outros fatores, do valor comercial daquele produto. O plástico não tem um bom mercado, é leve e barato. De todo o plástico já produzido no mundo, estima-se que apenas 10% foi reciclado. A conta não fecha.


Contra fatos não há argumentos. A melhor sacola plástica ainda é aquela que você não usa.


Qual o sentido de usar tantas sacolas e pacotes descartáveis se a maior parte dos produtos já vem em sua própria embalagem? Inclusive as frutas e verduras embaladas perfeitamente pela natureza.


sacola retornável

Frutas e verduras são embaladas naturalmente, basta uma sacola retornável para transportá-las

Temos nossa bolsa de viagem, de escola, de trabalho, está na hora de voltarmos a ter nossa bolsa ou sacola de compras. São tantas opções! De tecido, de ráfia, de saco de cebola. Você pode ainda reaproveitar caixas de papelão ou levar seu próprio caixote reutilizável. Nada contra utilizar algumas poucas sacolas para reaproveitar no lixo do banheiro, por exemplo. O que não dá mais é continuar o desperdício de pacotes e sacolas descartáveis utilizados uma única vez, transportados do supermercado direto para a lixeira da sua casa.


Faça diferente. Dê o exemplo! Você não precisa de mais um pacote ou sacola só porque alguém te oferece e é de 'graça'. Na verdade você está pagando por eles duas vezes, ao fazer compras, pois os custos estão inclusos na mercadoria; e quando descarta seu lixo, ao pagar a taxa de coleta e destinação da Prefeitura. Sem contar os custos sociais e ambientais que são imensuráveis.

1668000636496.jpeg

Jéssica Michalak Besen

Engenheira Ambiental e de Segurança do Trabalho

apaixonada por tudo que envolve meio ambiente e sustentabilidade

  • Facebook ícone social
  • LinkedIn ícone social

Preserve

Tem a missão de compartilhar ideais, informações e atitudes sustentáveis para um mundo mais justo, próspero e saudável, com empatia e respeito ao meio ambiente e a todos que o coabitam. 

Conheça nossos serviços de consultoria ambiental e parcerias

contato: michalak.je@gmail.com

Massaranduba, SC, Brasil

Posts em Destaque
Posts Recentes
bottom of page